Diabetes já fez 1,2 mil vítimas este ano na PB

Givaldo CavalcantiFrancisco FrançaAumento da incidência da doença entre jovens chamou atenção

Hoje é o Dia Mundial da Diabetes, e uma das grandes preocupações da classe médica diz respeito à obesidade, que vem causando sérios problemas na saúde de jovens e adolescentes. O diabetes é um problema grave e, em toda a Paraíba, provocou a morte de 1.722 pessoas em 2012. Este ano, as estatísticas já apontam 1.277 óbitos por causa da doença, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Em João Pessoa, foram 377 mortes no ano passado e 289 este ano. Já em Campina Grande, onde existem 93.189 diabéticos cadastrados no sistema HiperDia do Ministério da Saúde, de 2008 até o início do segundo semestre deste ano, foram registrados 1.607 óbitos provocados pela doença, o que equivale a uma média de 280 mortes por ano na cidade.

Em 2012 foi realizada uma pesquisa na Paraíba que apontou que 199.626 pessoas sofrem de diabetes em todo o Estado, sendo mais de 38 mil delas residentes em João Pessoa. De acordo com o Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), organizador da amostragem, mais de 179 mil sofrem do tipo 2 da doença, mais comum no surgimento em pessoas com mais de 40 anos.

Contudo, a quantidade de jovens que adquirem a doença por excesso de peso, sedentarismo e tabagismo tem chamado a atenção.

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia, pelo menos 20% do total de pessoas que convive com a diabetes tipo 2 são jovens com menos de 20 anos, e que desenvolvem a doença a partir de hábitos pouco saudáveis. Confirmando esse cenário, o Núcleo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da SES, apontou que até outubro deste ano já morreram quatro jovens com até 19 anos vítimas da doença, mesmo número registrado no ano de 2012.

Apesar de não desenvolver nenhuma estatística de incidência da doença na faixa etária de até 20 anos, o Núcleo apontou que até o momento só realiza ações preventivas com maiores de 30 anos, e que precisa focar em atividades que também contemplem pessoas mais novas. “Esse é um fator que ainda estamos pensando trabalhar. Temos os registros dessas mortes e o diabetes não escolhe idade. Nosso acompanhamento é mais focado em adultos com mais de 30 anos, mas também é preciso realizar um acompanhamento em pessoas que sofrem com o tipo 1 da doença, que é quando o paciente já nasce com predisposição a tê-la”, disse Vânia Lemos, membro do Núcleo de Doenças.

Para o médico endocrinologista Marciênio Oliveira, a má educação alimentar é o principal ponto que tem contribuído para o aparecimento do diabetes tipo 2 nos jovens. Segundo ele, esse número de quatro óbitos no ano pode ser bem maior, uma vez que ele acredita que muitos casos acabam sendo subnotificados, devido à desinformação das pessoas. “O número de mortes pode ser bem maior, porque muita gente sofre de diabetes, mas não sabe. E muitos acabam morrendo sem saber o motivo real da morte. A maioria não sabe se alimentar bem, não pratica esportes e tem o estilo de vida inadequado por conta do sedentarismo”, afirmou o especialista.

A desconfiança do médico reflete nos números de mortes que a Secretaria Estadual de Saúde apresentou nos últimos anos, que apontam 1.277 óbitos somente neste ano. “Esse número de mortes é alto, para termos confirmados apenas quatro jovens que acabaram morrendo vítimas da doença. Por isso é preciso oferecer uma assistência maior a essa faixa etária”, acrescentou Marciênio Oliveira.

DIA DE PREVENÇÃO EM CAMPINA

Dentro da programação da campanha 'Novembro Azul', voltada à prevenção à saúde integral do homem, a Secretaria de Saúde de Campina Grande irá oferecer hoje em todas as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) palestras, teste de glicemia, aferição da pressão arterial, além de orientações sobre educação alimentar. Também serão realizadas atividades preventivas no Parque da Criança. Já no Hospital Universitário Alcides Carneiro vai ser realizada uma roda de conversa sobre diabetes, com o endocrinologista Alberto Ramos, a partir das 14h.

De acordo com a gerência da pasta, Campina Grande possui 9.189 diabéticos cadastrados no sistema HiperDia do Ministério da Saúde. De 2008 até o início do segundo semestre deste ano, 1.607 pessoas morreram vítimas da doença na cidade, o que aponta uma média de cerca de 280 mortes por ano na cidade.

Entre os homens, o diabetes é segunda maior causa de óbitos no município, ficando atrás apenas do número de homicídios. Somente este ano, foram confirmadas 96 mortes de pacientes do sexo masculino que sofriam de diabetes.

PROGRAMAÇÃO NA CAPITAL

Os serviços de endocrinologia, diabetes e nutrição localizados no ambulatório do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) irão realizar hoje testes de glicemia capilar e instruções sobre a importância do diagnóstico do diabetes. Já a Secretaria de Saúde do Município irá oferecer serviços de prevenção no Ponto de Cem Réis, no Centro da capital.

Das 8h30 ao meio-dia, a população terá à sua disposição vários serviços: teste de glicemia capilar, verificação de pressão arterial, avaliação antropométrica, orientação nutricional e orientação sobre tabagismo. Também será oferecido apoio psicológico ao fumante e orientação sobre a doença renal e hemodiálise. Já nas Unidades de Saúde da Família (USFs), nos bairros da capital, será realizado o “Dia D” do diabetes e as equipes darão orientações ao público sobre o tratamento e prevenção da doença.

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