Prefeitura destrói Monumento ao Patrono de Cajazeiras

Por José Antônio

"Primeiro vieram buscar os judeus e eu não me incomodei, porque não era judeu.
Depois levaram os comunistas e eu também não me importei, pois não era comunista.
Levaram os liberais e também encolhi os ombros. Nunca fui liberal.
Em seguida os católicos, mas eu era protestante.
Quando me vieram buscar, já não havia ninguém para me defender."

Esta cidade, mais uma vez se acovarda, silencia e se ajoelha diante de atos insanos, desta vez contra o seu patrimônio histórico. Foi um tiro na liberdade e outros nos corações do povo de Cajazeiras.

Muitos gestores públicos de Cajazeiras entraram para a História como destruidores de nosso patrimônio arquitetônico e histórico: assim foi quando derrubaram a casa do fundador da cidade, Vital de Sousa Rolim, para dar lugar ao que é hoje o Cajazeiras Tênis Clube, também quando destruíram o antigo prédio da prefeitura, na Avenida Padre Rolim, para dar lugar a uma empresa de telefone que ia se instalar na cidade, ainda quando derrubaram a Casa do Chefe da Estrada de Ferro, da RVC, para dar lugar ao prédio do Ministério do Trabalho, sem esquecermos a Ponte de Madeira sobre o canal do Açude Grande. Existe uma longa lista de destruição e destruidores.

A cidade que não olha para o seu passado é uma cidade sem rumo, sem rota, sem destino, sem história.

Mais uma vez esta cidade presencia, muda, calada e acovardada diante da destruição do Monumento erigido em memória ao Patrono de Cajazeiras, João Antonio do Couto Cartaxo, nosso único herói, que morreu crivado de balas, no patamar da Igreja Matriz, em 18 de agosto de 1872, ao defender a nossa terra e seus ideais liberais. Esta destruição avilta a memória histórica e cultural da cidade que se diz berço do saber da Paraíba.

A livre vontade, junta com o arbítrio e a sanha do poder, transferida pelo poder publico municipal à confiança de um chefe de repartição, extrapolou os limites da sã consciência e com esta atitude, há de fato o que se questionar e confirmar o despreparo e a absoluta e total ignorância sobre a nossa história, nossos valores sentimentais e nossa herança cultural.

A cidade está vivendo uma febre para se construir rotatórias e em nome delas o que vai se encontrando pela frente deve ser destruído e as razões para o Monumento ser posto por terra não tem nenhuma consistência, muito menos um apresentado pelo órgão responsável pela demolição, que chegam as raias de querer nos tornar cidadãos imbecis ou débeis mentais. O documento “arranjado” e apresentado, com assinatura de uma pessoa da família Cartaxo, “permitindo” a destruição do Monumento, não tem nenhum valor, porque desde o dia em que foi inaugurado se tornou patrimônio exclusivo do povo de Cajazeiras, mesmo tendo sido construído com recursos da família.

Realmente, a atual administração tem sido marcada por construção destes gira-gira para automóveis e quem muito gira, feito pião, acaba não saindo do lugar, não caminha em busca de novos horizontes.

É preciso que a cidade e os homens que querem bem a ela fiquem alerta, porque pelo andar da carruagem, nestes dias, vão querer tirar a Igreja de Nossa Senhora de Fátima para dar lugar a uma rotatória e desafogar o trânsito da Avenida Padre Rolim.
 O que existe por trás da construção de tantas rotatórias?

Lembro da luta do maior escritor cajazeirense, do homem que amou ardentemente esta terra, que a defendia com sabedoria e inteligência e fazia questão de ser contestador e revolucionário, que pregava os mesmos ideais liberais de João Antonio do Couto Cartaxo, até conseguir um espaço para construir um Monumento ao “Patrono de Cajazeiras” e com seu próprio dinheiro o ergueu e presenciou a sua inauguração, sentado em uma cadeira de rodas. Naquele 18 de agosto de 2000, vi as lágrimas de Otacílio Dantas Cartaxo banhar aquele pedaço de solo sagrado, dedicado acima de tudo à Liberdade, à Vitória, a História e ao nosso único Herói e Mártir: Couto Cartaxo.

Faço um apelo ao jovem prefeito de minha terra, Dr. Léo Abreu, que já faz parte da História Política e Administrativa de Cajazeiras, que não permita mais àqueles a quem dedica a sua confiança, destruir o nosso patrimônio histórico, mas procure preservá-lo em nome de nossa memória e do povo desta cidade.
Extraído do Blog Sete Candeeiros Cajá

Um comentário:

  1. Sou totalmente contra a destruição de qualquer monumento que tenha um valor histórico. Porém o que eu entendi é que o equipamento em questão foi montado e inaugurado em 2000. Portanto não me parece ter valar histórico. O que devemos ter mais preocupação é com os atos de vandalismo contra a história da cidade, como por exemplo: A destruição da velha ponte de madeira sobre o sangradouro do açude e da velha casa onde nasceu o Padre Rolim; os objetos antigos deixados pelos pais do Padre Rolim que ficaram por muito tempo esquecido e empoeirado em um depósito no Colégio Diocesano e que não se sabe hoje onde estão; a criminosa derrubada da antiga prefeitura da cidade; as várias tentativas de modificações do casarão do Cel Zuca Peba; Ofuscamento do Cristo Rei pelas antenas de telefonia. O Monumento em questão pode ter sua importância – já que homenageia um herói da cidade, mas pode ser reconstruído (já que não tem valor histórico) em outro local mais adequado, numa praça, em um girador. Vamos ficar atentos, não vamos deixar outros equipamentos tenham o mesmo destino do solar onde funcionou o Grande Hotel, os correios, a antiga cadeia pública, etc, etc, etc.

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