Professores de Cajazeiras se engajam na Campanha Nacional para implementação dos 10% do PIB para a educação pública; CzAgora entrevista o professor Gildemar Pontes

Está sendo realizada em todo o Brasil a campanha nacional para implementar os dez por cento do PIB para a educação pública. Em Cajazeiras a ADUC, sindicato dos professores da UFCG e o SINASEFE, através da sua representação no IFPB, são responsáveis pela divulgação e coleta de assinaturas para ser encaminhada a Brasília.
Numa entrevista concedida ao Cz Agora, o professor Carlos Gildemar Pontes, diretor do sindicato dos professores da UFCG, falou sobre a campanha que está sendo realizada a nível nacional e os seus objetivos.
Clique em mais detalhes e veja a entrevista:

Entrevista com o Escritor, Professor e Editor Carlos Gildemar Pontes.



CzAgora - Gostaria que explicasse o que deu início a esta campanha pelos 10% do PIB para a Educação?

Gildemar - A luta por uma Educação Pública, Gratuita e de Qualidade tem sido uma meta da maioria dos educadores e instituições públicas e sindicais no Brasil. Se não fosse o descaso e a aplicação errônea do dinheiro público, a educação não estaria agonizando como está agora. Desde o governo do PSDB até agora, incrivelmente acentuado no governo do PT, a educação se tornou objeto de lucro e o governo transferiu o investimento do setor publico para o setor privado. Por isso, proliferam faculdades e cursos superiores isolados sem a menor condição estrutural e impedindo que os recursos que poderiam ir para as Instituições Federais e Estaduais cheguem de mão beijada para um bocado de fábrica de diplomas. A luta pelos 10% de nosso Produto Interno Bruto para a Educação é o que pensamos como solução para o caos em que está mergulhado a escola brasileira.

CzAgora - Quantas assinaturas serão necessárias para a aprovação do projeto?

Gildemar - Um projeto desta natureza deveria ser enviado pelas parlamentares, mas infelizmente, a bancada da educação no congresso é composta por donos de grandes grupos educacionais particulares, que não fazem mais do que legislar em causa própria. No entanto, quando a iniciativa é dos educadores, é preciso do apoio popular em forma de um plebiscito, colhendo em torno de 1 milhão e meio de assinaturas.

CzAgora - Haverá algum ato público em Cajazeiras? Se houver quando irá acontecer?

Gildemar - Sábado, dia 26, haverá panfletagem na feira e terá uma urna no Calçadão Tenente Sabino, na Livraria Lesco-Lesco, onde as pessoas podem assinar uma lista munida de um documento de identificação.

CzAgora - Existe um período estabelecido para votação e entrega das assinaturas?

Gildemar - As assinaturas começaram dia 23 deste mês e irão até dia 04 de dezembro, quando serão recolhidas e enviadas para Brasília.

CzAgora - Com a aplicação do piso salarial dos professores já valendo e se aprovado o projeto dos 10% do PIB, isto resolveria o problema da Educação no Brasil? 

Gildemar - Certamente seria um passo muito importante. A gestão destes recursos e o envolvimento dos profissionais da educação seria o ponto chave para a transformação. Não são apenas os valores que alteram a realidade, mas a vontade humana somada a competência de realização.

CzAgora - Em Cajazeiras, quais entidades apoiam a campanha?

Gildemar - A Associação do Docentes da UFCG – ADUC, que é o sindicato local filiado ao sindicato nacional do ANDES, e o Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Federal – SINASEF, em sua base local do IFPB.

CzAgora - O Projeto de Lei 8035/2010, que trata do segundo Plano Nacional de Educação pós-redemocratização do Brasil (PNE II), determina 7% do PIB para a Educação, isto é pouco, por quê?

Gildemar - Ora, nós podemos efetuar um cálculo simples. O Brasil investe menos de mil dólares por aluno na educação pública, a Argentina investe em torno de 1.600 dólares, e pasmem, Botswana, um país africano considerado um dos países do cinturão pobre da África, investe o triplo do que o Brasil, cerca de 2.500 dólares. Então, o problema não está na lei ou nos planos educacionais, o problema é a falta de interesse do governo em cumprir sua obrigação que está nas leis e nos planos.
7% é pouco quando não se cumpre. A defesa pelos 10% do PIB significa uma revolução na Educação com o apoio do povo. As assinaturas em favor dos 10% são a força do povo contra a qual é perigoso contrariar. Hoje, com o volume de informação que temos circulando nos meios de comunicação vai ficar cada vez mais difícil esconder a educação precária pelos quatro cantos do país. Estamos nesta luta porque conhecemos a fundo os problemas da Educação brasileira. Não dá mais pra ver tanto dinheiro jogado na lata do lixo enquanto nossas escolas e nossos professores agonizam numa profissão cada vez mais desvalorizada.

CzAgora - Qual a sua mensagem de esperança para os Educadores cajazeirenses.

Gildemar - Conclamo os meus companheiros professores a se engajarem na luta por uma profissão digna, respeitada e que recupere o orgulho profissional, elevando a auto-estima do trabalhador em Educação. Não custa lembrar que somos a base pela qual se formam todas as outras profissões. Se os políticos que estão hoje no poder ignoram a nossa classe, vamos ignorá-los na próxima eleição. Quem vive de promessa é santo. Nós, educadores, vivemos de salário e respeito. Sem isso, estará comprometida não só a Educação brasileira, mas o próprio futuro do país. Um professor é mais importante do que um vereador, um prefeito, um deputado estadual, um deputado federal, um senador e um presidente da república, que são nossos empregados muito bem pagos para nos representar e não representam. Tão pouco podem ser tratados como pop star. Muitos são semi-analfabetos e deveriam voltar à escola para compreenderem a importância de um professor. 


Do CzAgora

Um comentário:

  1. Excelente análise, caro professor. Li o panfleto que divulga o plebiscito apoiando os 10% do PIB para a educação e fiquei estarrecido com o dinheiro que o governo dá para os banqueiros. Chega quase a um trilhão. Com essa grana dava para salvar a educação e a saúde do país.
    Agora só falta os professores deixarem de se sentir coitadinhos e agir. A luta é mais do que justa.
    Paulo Mangabeira

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