Crise agrava situação do Napoleão Laureano; déficit mensal chega a R$ 700 mil

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Responsável por 100% do tratamento dos pacientes com câncer de útero e de 73% dos pacientes com qualquer outro tipo dessa doença na Paraíba, o Hospital Napoleão Laureano pena com os efeitos da crise financeira. O déficit mensal é de R$ 700 mil. Nesse ritmo, em um ano, a despesa desse hospital que é referência em todo o Nordeste, será de R$ 8,4 milhões acima das receitas.

A diretoria do Laureano tem um olho nas planilhas e outro na fila de espera, que aumenta a cada mês. De 2013 para 2014, os casos confirmados de câncer na Paraíba aumentaram 33%. Do ano passado até agosto deste ano, foram 32% a mais de diagnóstico da doença pelo Laureano.

Do Ministério da Saúde, o Hospital Napoleão Laureano recebe cerca de R$ 4,2 milhões, mensalmente. O mesmo valor que recebia em 2013. O repasse equivale a 94% das receitas. Os outros 6% dependem de convênios e doações de empresas e particulares.

Radioterapia, quimioterapia e cirurgia. Cada um dos procedimentos tem um teto financeiro que o Ministério da Saúde banca. "Só que o câncer não tem um teto. O tratamento é pra ontem. Temos 140 leitos e se fossem 250, o que nós lutamos para conseguir, o hospital ainda estaria lotado", relatou o diretor clínico e técnico do Laureano, o médico Fernando Carvalho, em entrevista ao programa '27 Segundos', na RCTV (canal por assinatura do Sistema Correio de Comunicação), na noite desta sexta-feira (30).

O hospital está ampliando o atendimento infantil. Dos casos atendidos, 15% são de crianças. Serão mais 9 leitos, seis em novas Unidades de Terapia de Intensiva (UTIs). Mas ainda são insuficientes para a demanda. Hoje, são 21 apartamentos da ala infantil, que vivem permanentemente lotados.

A fila cresce e não anda. "Quando chega o dia 20 de cada mês o hospital já não tem mais teto para quimioterapia ou radioterapia. Temos que mandar pacientes pra casa. Tem paciente que tem que esperar de dois a três meses. Às vezes, ele chega no estágio 1 e volta com o estágio 2 ou 3 da doença. É uma situação que se agrava e não temos como atender todo mundo", contou Fernando Carvalho.

As despesas com insumos, medicamentos e custeio da unidade também aumentaram. Por mês, o hospital pagava de energia R$ 70 mil. Com o reajuste subiu para R$ 114 mil, por mês. "O convênio que temos com a Energisa, que repassa doações de seus clientes descontadas na fatura, pela primeira vez não cobriu a nossa despesa com energia", disse o médico.

O Hospital Napoleão Laureano tem um moderno parque tecnológico. Boa parte dos equipamentos é adquirida com recursos de emendas da bancada federal da Paraíba. Quem reforça esse caixa é a paraibana Luíza Erundina (PSB), que é paraibana, mas foi eleita e tem base eleitoral em São Paulo. Todos os anos ela destina uma emenda impositiva para o hospital em João Pessoa.

Com equipamentos de primeira, a motivação do pessoal é maior. "Nossa equipe é da melhor qualidade. Mesmo com todos esse problemas, são de 30 a 40 cirurgias de alta complexidade que realizamos. Por dia, o hospital atende de 400 a 500. É um número muito alto de pacientes para qualquer unidade de tratamento de câncer no país", destaca o diretor clínico.

Segundo Fernando Carvalho, a diretoria já trabalha com alguns ajustes e o atendimento terá que ser reduzido. "O hospital está enfrentando a crise no olho do furacão. Temos que diminuir o volume de atendimento. Se não fizemos isso o hospital fatalmente irá fechar", pondera. "Todos os recursos são insuficiente para atender a demanda de um hospital que tem um valor social imenso na Paraíba", arremata.



Portal Correio

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