Autorizados pelo Vaticano, padres exorcistas desmistificam o ritual

A prática do exorcismo, que é um ritual de expulsão do demônio que está de posse do corpo de uma pessoa, sempre existiu na Igreja Católica. O ritual que ainda é um tabu para a própria igreja, é tratado pelo padre de Bauru (SP), Boaventura Barrón, com naturalidade. Aos 92 anos, ele diz ter enfrentado o demônio pelo menos quatro vezes desde que foi autorizado pelo bispo a realizar exorcismos, a maioria dos casos das pessoas que o procuram são por problemas e não espírito.
Padre Boaventura já enfrentou demônio quatro vezes
(Foto: Reprodução / TV TEM)

“99% dos casos não são nada espirituais, na maioria dos casos são distúrbios de personalidade, tristezas e frustrações, que não podemos creditar ao demônio. Às vezes a pessoa precisa apenas de uma confissão”, explica o padre.

Apenas depois de analisada a situação, que o padre realiza o exorcismo, como em um dos casos que mais o marcou. “Eu procurei de todas as formas explicar e convencer duas estudantes que tudo aquilo era inútil e não saía de sua angústia. Depois eu pensei: vou dar como hipótese possessão diabólica. Então eu segui o ritual e imediatamente depois de dar a benção, elas se transformaram em uma alegria, em paz, gratidão, realmente a presença de Deus se fez visível”, afirma.
“O demônio é uma criatura burra, não tem poder nenhum. Para entender melhor, o demônio é um cachorro que está amarrado, que morde apenas aquele que quer brincar com ele. Se eu não quero, ele não tem poder sobre mim"
padre Boaventura Barrón

Além do uso da água benta e de orações, Boaventura usa da fé para exorcizar. “O primeiro instrumento é a fé que a gente tem na Igreja Católica e a pessoa tem que ter autorização do bispo. Depois é a palavra de Deus e o amor.”

Para o bispo Caetano Ferrari o exorcista precisa ter prudência. “A orientação da igreja é que o padre tenha piedade, ciência, prudência e integridade de vida.” Boaventura concorda e ainda afirma que o demônio não tem poder sobre os homens. “O demônio é uma criatura burra, não tem poder nenhum. Para entender melhor, o demônio é um cachorro que está amarrado, que morde apenas aquele que quer brincar com ele. Se eu não quero, ele não tem poder sobre mim.”

Exorcismo volta ao uso
Há quem acredite que muitas das curas realizadas por Jesus Cristo foram feitas expulsando o demônio de quem se considerava doente. Mas o exorcismo praticamente caiu em desuso.
“Essa história de que exorcismo pula, grita, esperneia, levita, vira a cabeça, vomita verde, coisa e tal é coisa de filme."
padre Rubens Miraglia Zani

Por muitos anos o ritual ficou marginalizado dentro da própria igreja, porém nunca deixou de ser assunto, tanto no universo eclesiástico, quanto nas telas do cinema. Mas depois que o papa Francisco assumiu o comando, a igreja Católica busca novos rumos e trouxe de volta o exorcismo.

Em Bauru um padre estudou e está autorizado pela igreja a enfrentar o demônio. Mas para o padre Rubens Miraglia Zani. “Essa história de que exorcismo pula, grita, esperneia, levita, vira a cabeça, vomita verde, coisa e tal é coisa de filme. Pode acontecer essas coisas no exorcismo, mas se você pega por exemplo um demônio mudo, o bichão faz nada, só te olha com um rancor, um ódio profundo, você sente o ódio do bicho, mas você não vê nenhuma dessas manifestações”, explica.

Para o padre Boaventura o melhor conselho que ele dá antes de tomar qualquer atitude é simples. “Normalmente dou três conselhos, primeiro conselho seja feliz, segundo, seja feliz, terceiro seja feliz.”

Rituais ainda são tabus mesmo na igreja católica (Foto: Reprodução / TV TEM)

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