Lista de Janot une líder dos caras pintadas ao ex-presidente Collor

A história é cruel. Em 1992, aos 23 anos, o então presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lindberg Farias, foi protagonistas do movimento dos caras pintadas, jovens que foram às ruas pedir o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello.
Lindberg Farias, quando era presidente da UNE,
e Collor, na época em que era presidente
Nesta sexta-feira 6, o destino uniu mais uma vez Lindberg e Collor. Só que dessa vez, eles estão do mesmo lado. Os dois senadores fazem parte da lista de Janot, que serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal na operação Lava Jato.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse lamentar que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tenha divulgado uma lista com seu nome sem qualquer explicação. "Jogam no mesmo balaio pessoas acusadas de corrupção e desvio de recursos com outros citados por terem recebido doações legais de campanha", afirmou Lindbergh. "Vou esclarecer tudo. Isso é um início de investigação e não significa condenação."

Lindbergh foi citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em acordo de delação premiada com o Ministério Público. Segundo Costa, Lindbergh o procurou no início do ano passado para que ele o ajudasse a obter recursos para sua campanha ao governo do Rio de Janeiro. O senador disse que Costa o ajudava na preparação do programa de governo.

O senador Fernando Collor (PTB-AL) acompanhou a divulgação da "lista de Janot" em Alagoas, segundo informações de sua assessoria de imprensa. Collor não foi encontrado para comentar o assunto.

Biografias

Collor foi o primeiro presidente eleito pelo voto popular em 1989, depois de redemocratização do País. Mas depois de diversas acusações sofreu um processo de impeachment, ficando inelegível por oito anos.

O Supremo Tribunal Federal, no entanto, absolveu Collor das acusações de corrupção, citando falta de provas que o ligassem ao esquema de PC Farias.

Lindberg Farias, depois de participar do movimento que o deixou conhecido nacionalmente, elegeu-se deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) nas eleições de 1994.

Em 1996, foi eleito presidente nacional da União da Juventude Socialista (UJS). Aderiu ao trotskismo em 1997 e ingressou no Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Na Câmara dos Deputados, pautou seu primeiro mandato pela oposição ao governo de Fernando Henrique Cardoso.

Nas eleições de 1998, não conseguiu se reeleger porque o PSTU – legenda pela qual concorreu – não atingiu coeficiente eleitoral.

Pelo mesmo motivo, em 2000 não pôde assumir o cargo de vereador, embora fosse o quarto mais votado do Rio de Janeiro, com 47 mil votos. Decidiu, então, filiar-se em 2001 ao Partido dos Trabalhadores (PT) para apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência. Retornou novamente à Câmara dos Deputados em 2002 com mais de 83 mil votos.

Em 2004, candidatou-se à prefeitura de Nova Iguaçu - uma das principais cidades da Baixada Fluminense - pela coligação "Hora da mudança", composta por PSB, PCdoB, PSDB e PFL. Venceu a disputa no segundo turno com 57,74% dos votos.

Nas eleições municipais de 2008, Lindberg se reelege prefeito de Nova Iguaçu no primeiro turno com com cerca de 260 mil votos (cerca de 65%) pela coligação “A Mudança não pode parar”, composta por PT, PDT, PSB, PV, PCdoB, PTdoB, PR, PTB, PTN, PRB e DEM.

Em 3 de outubro de 2010, Lindberg foi eleito senador pelo Estado do Rio de Janeiro. Nas eleições deste ano, foi candidato derrotado ao governo do Estado do Rio de Janeiro pelo PT.

*com informações da Agência Estado
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