O absurdo conflito de interesses no trabalho de Ronaldo como comentarista da Globo

“A Copa do Mundo é um grande negócio e irá deixar legado importante. Vamos mostrar isso para essa minoria que é contra o torneio”.

Este era Ronaldo em fevereiro.

“Eu me sinto envergonhado”.

Este é Ronaldo hoje.

O que mudou?

Nada. Ronaldo é o mesmo. Se alguém já saiu ganhando com a Copa, qualquer que seja o resultado, é ele. De apoiador entusiasmado a crítico contumaz do evento, ele sente como o vento sopra e corre atrás.

O que perde com isso? Por enquanto, nada. Pelo contrário, é chancelado. Ronaldo, sabe-se há um tempo, será comentarista da Globo, num conflito de interesses absurdo. Quando, em circunstâncias normais, um membro do Comitê Organizador Local, órgão ligado à CBF e à Fifa, poderia dar pitacos se é parte interessada?

Sua empresa, a 9ine, agencia Neymar. É nula a possibilidade de um acordo para ele se calar a cada vez que Neymar pegar na bola.

A 9ine representa a Marfinite, que forneceu as cadeiras para o Itaquerão, a Fonte Nova e a Arena Grêmio. O grafite do avião da seleção, feito pelos Gêmeos, também é uma ação da 9ine, que tem a Gol como cliente.

Estes são alguns dos acordos que se tornaram públicos. Certamente há outros.

Jornalistas da Globo não podem — ao menos em tese –, declarar apoio a políticos. Ronaldo, que avisou que estará com Aécio, não precisou obedecer essa norma. A justificativa é a de que Ronaldo é “convidado”. Convidado, portanto, pode tudo.

Sua pretensa indignação, agora, é como a de Joana Havelange. É como se ambos fossem gandulas e não diretores da Fifa. São casos impressionantes de esperteza às avessas.

Ronaldo é ele mesmo um belo quinhão dos problemas que aponta. O casamento com a Globo é o coroamento dessa estratégia macunaímica de sempre se dar bem. É chamar o torcedor de otário na cara dura.

Como diz aquele velho slogan, eles têm tudo a ver.


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