490 PESSOAS PERDERAM A VIDA POR CAUSA DA CIRROSE NO ANO PASSADO NA PARAÍBA; VEJA OS DADOS


O número de mortes causadas por cirrose cresceu na Paraíba. A doença, que destrói as células do fígado, é provocada principalmente pelo consumo exagerado da bebida alcoólica.
Entre janeiro e dezembro do ano passado, 490 pessoas perderam a vida no Estado em decorrência do problema. O total é 371,15% maior em relação aos 104 casos computados em 1999, quando os óbitos começaram a ser contabilizados pelo Estado. Ao longo de 14 anos, a doença já matou 4.817 indivíduos.


Os dados fazem parte do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e mostram que a maioria das vítimas pertencia ao sexo masculino. Dos 4.817 óbitos registrados na Paraíba, 4.018 eram de homens. Deste total, 1.777 tinha entre 15 a 49 anos de idade e outros 2.232 já tinham passado dos 60 anos de vida. Apenas um caso foi de paciente com menos de 14 anos.


João Pessoa (1.797), Campina Grande (900), Patos (218), Guarabira (188), Santa Rita (142), Sousa (112), Cajazeiras (103), Bayeux (52), Esperança (43), Solânea (42) e Cabedelo (41), Sapé (38), Mamanguape (37) foram as cidades que tiveram as maior quantidade de mortes.


Para o médico especialista em Hepatologia, José Eymard Medeiros Filho, o crescimento dos óbitos é reflexo do aumento no consumo de álcool e dos casos de hepatite B e C. Ele é professor do Curso de Medicina da Universidade Federal da Paraíba e responsável pelo atendimento de pacientes hepáticos no Hospital Universitário Lauro Wanderley.


Com experiência de quem estuda o assunto há 16 anos, ele explica que a cirrose é o estágio final de uma série de doenças que afetam o fígado. “A cirrose não é a doença. É a consequência final de doenças que atingem o fígado. Ela aparece quando o fígado deixa de trabalhar normalmente, porque já vem sendo destruído pela atuação da hepatite ou pelo álcool”, afirmou.


Apesar de ter tratamento, a cirrose causa a morte por conta da demora do paciente em buscar assistência. É que, em estágio inicial, a cirrose não apresenta sintomas. Por isso, o diagnóstico, normalmente, só ocorre quando o problema se agrava e é descoberto por meio de exames e de avaliação clínica.


Com o fígado comprometido, a pessoa sente cansaço sem explicação, apresenta rompimento de vasos sanguíneos, inchaço exagerado e amarelamento dos olhos e da pele. Os indivíduos que começam a ingerir bebida alcoólica muito cedo estão mais vulneráveis a sofrer com esse quadro. “É claro que o estado de saúde vai depender da intensidade do consumo do álcool e do organismo do paciente, mas, de modo geral, que se expõe precocemente ao alcoolismo tem mais chance de desenvolver a cirrose e de se tornar mais dependente de álcool. Isso vai repercutir na expectativa de vida.


O jovem “João” (nome fictício) desconhecia esses perigos, quando começou a ingerir álcool ainda na infância. Ele tinha pouco mais de 10 anos de idade quando foi incentivado por um adulto a provar a bebida. O tempo passou e ele não parou mais. Hoje, com 23 anos de idade, o rapaz não estuda e nem trabalha. Vive nas ruas e se entregou ao alcoolismo.


Junto com outros três homens e um mulher, ele passa o dia inteiro nas imediações do Mercado da Torre, onde pede esmolas e ingere bebida alcoólica. “Eu tenho casa e família, mas fico na rua porque me sinto melhor assim. Mas, na hora que quiser parar de beber, eu paro. A cachaça não manda em mim”, conta.


Para o presidente da Comissão de Políticas de Segurança e Drogas da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Paraíba (OAB-PB), Deusimar Guedes, o envolvimento com alcoolismo pode ser evitado se a família adotar medidas simples.


“A primeira coisa que os pais precisam fazer é explicar às crianças e adolescentes que o álcool é uma droga que mata.


Mas, como é lícita, muitos adultos a usam. Por isso, o álcool está presente em todos muitos lares e passa a ser a primeira droga que a criança ou adolescente tem contato. E por isso que o pai ou a mãe precisam se conscientizar para deixar esse hábito”, diz


Caso as crianças e adolescentes já tenham se envolvido com o álcool, a família precisa buscar ajuda e procurar, por exemplo, uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Os serviços, instalados em diversas cidades do Estado, dispõem de equipe muldisciplinar, formada por médicos, psicólogos, assistentes social e educadores físicos que auxiliam as pessoas a abandonar a dependência do álcool.


Jornal da Paraíba

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