Hospital Infantil: Omissão de informações dificulta identificação de violência doméstica em Patos

Uma pesquisa realizada no Hospital Infantil Noaldo Leite, em Patos, constatou que a omissão dos pais e a falta de comunicação entre profissionais têm dificultado a identificação da violência doméstica contra menores. Segundo a pesquisadora Ianne Militão, “os direitos das crianças e dos adolescentes não são garantidos de fato, por mais que eles estejam previstos na Constituição e no Estatuto da Criança e do Adolescente”.


Entre os tipos de violência mais comuns estão às agressões físicas e a negligência dos pais, sendo as meninas as maiores vítimas. Também foi verificada a omissão dos familiares em revelar o verdadeiro motivo que levou a criança ao hospital, considerando que os agressores, em sua maioria, pertencem à família. “Algumas famílias burlam a realidade tentando esconder o que acontece. Com isso, eles dificultam a identificação do problema de violência praticado por dentro de casa”, afirmou a pesquisadora. Outro fator que impede que a notificação de violência seja feita, parte da falta de comunicação entre os profissionais que atuam no Hospital.


O medo de levar à tona situações complicadas faz com que alguns membros da equipe médica não passem o caso adiante. “Os médicos não se envolvem com os casos quando percebem que estão relacionados à violência. Eles muitas vezes identificam, mas por medo de ir à justiça e testemunhar, não informam aos Assistentes Sociais que são os responsáveis por levarem a denúncia ao Conselho Tutelar”, constatou Ianne. “É importante destacar que esta prática não é compartilhada por todos os profissionais, mas por alguns deles”, ponderou.


Ainda de acordo com a pesquisa, o Hospital Infantil Noaldo Leite não dispõe de cadastros, registros, ou formulários dos casos de violência doméstica atendidos. Estes dados são importantes para a elaboração de políticas públicas de combate à violência. Os profissionais necessitam de uma capacitação para trabalhar melhor no atendimento dos menores vítimas de violência doméstica. “Eles atendem estas crianças e adolescentes da mesma forma que atendem um paciente acometido de qualquer outra doença, quando os menores vitimizados necessitam de uma atenção diferenciada”, explicou Ianne.


A pesquisa foi feita mediante a observação em loco dos atendimentos e entrevistas com os profissionais que atuam no Hospital. O estudo, que iniciou através de um Projeto de Pesquisa e Extensão, culminou no Trabalho de Conclusão do Curso de Ianne Militão, orientado pela Profª. Dra. Sheylla Maria Mendes, para o Bacharelado em Direito das Faculdades Integradas de Patos.


ASCOMFIP
Tecnologia do Blogger.