Programa do governo visa diminuir carência de médicos no interior

Ministério da Saúde promete pagar bem profissionais que forem trabalhar nas regiões Norte e Nordeste, as mais carentes do país.

Ministério da Saúde lança programa que promete pagar bem o médico que for trabalhar no interior do Brasil. A tentativa é diminuir a carência de profissionais de saúde nessas regiões do país.

A ilha de Mosqueira, na periferia de Belém, recebeu quatro médicos. Dois deles trabalham em um posto de saúde que, desde o carnaval, está sem luz, porque assaltantes roubaram os cabos de energia. Segundo funcionários, a unidade ficou um ano sem médicos.

Os novos profissionais visitam as famílias e fazem o atendimento ambulatorial. A região Norte é a mais carente do país em relação aos médicos e o resultado disso é a deficiência no atendimento.

Para onde se olha, a cena é a mesma. Filas enormes, em um dos maiores postos de saúde da periferia de Belém. Para conseguir marcar uma consulta, só se passar a noite. A dona de casa Marivalda Pereira chegou às 22h para ser atendida no dia seguinte. “Se eu não chegar a essa hora, eu não pego ficha”, diz.

Em Altamira, oeste do Pará, a população cresceu 50% depois do início das obras na Usina de Belo Monte e as equipes de saúde não dão conta de tanta gente. “Com essa demanda, nós precisamos repor. Não tem como aumentar o número de usuários se você não aumentar a capacidade de atendimento”, afirma o secretário de Saúde de Altamira, Valdeci Maia.

Para tentar ampliar a oferta de médicos nas periferias das grandes cidades e no interior, o Ministério da Saúde aposta no PROVAB, o Programa de Valorização Profissional da Atenção Básica.

Mais de quatro mil recém formados vão receber uma bolsa de R$ 8 mil para trabalhar em 1,4 mil municípios por um ano. Os profissionais são supervisionados por universidades e têm que fazer curso de especialização. Se tiverem bom desempenho, ainda recebem um bônus de 10% na prova de residência médica.

A maioria dos médicos decidiu trabalhar na região Nordeste. Apesar da implementação do programa, ainda é muito grande o desafio de atrair mais médicos para a Amazônia. Apenas 5% profissionais de saúde que aderiram ao PROVAB escolheram trabalhar no Norte.

Segundo um levantamento do Conselho Federal de Medicina, a região tem somente um médico para cada mil habitantes. É a média mais baixa do país. Enquanto no Sudeste há estados com mais de três médicos para mil habitantes, no Pará essa proporção é de menos de um médico.

Os profissionais também afirmam que um bom salário é fundamental, mas as condições de trabalho influenciam na decisão de iniciar a carreira em regiões com menos estrutura.

Em um posto de saúde em uma ilha de Belém, foi trabalhar o médico Fábio Leite. “A parte mais gostosa desse trabalho é você chegar e, antes de atender o paciente, ele dizer ‘doutor, graças a Deus que o senhor está aqui’”, conta.

Fabiano VillelaBelém, PA

g1.globo.com

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