Moradores ribeirinhos protestam contra obra de shopping em rio na PB


Protesto contra obras no Rio Jaguaribe aconteceu
no Manaíra Shopping (Foto: Walter Paparazzo/G1)

Moradores do bairro São José, em João Pessoa, e ambientalistas realizaram um protesto na entrada principal do Manaíra Shopping na tarde desta quinta-feira (7). Munidos com cartazes e megafone, cerca de 50 pessoas protestavam contra a obra feita em uma das margens do Rio Jaguaribe. Seguranças do shopping foram deslocados para entrada principal com o objetivo de evitar qualquer tipo de depredação ao local.

Em nota oficial, o shopping afirmou que a obra questionada se trata de um desassoreamento do rio e que os trabalhos possuem liberação da Secretaria de Meio Ambiente de João Pessoa (Semam). A obra chegou a ser embargada pela própria Semam no dia 23 de janeiro, para que a administração do shopping apresentasse documentos sobre a execução dos trabalhos. Os trabalhos na margem do Rio Jaguaribe foram retomados no dia 29 do mesmo mês, quando a Semam atestou a legalidade da obra após não encontrar nenhum irregularidade.

Os protestantes pedem que o shopping remova parte do aterramento feito na margem do rio oposta ao Bairro São José, assim como uma audiência com o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo com o objetivo de esclarecer a liberação da obra por parte da Semam.

O morador do Bairro São José há 24 anos e um dos líderes do protesto, Jonathan Bario, informou que a população teme um inundação nas casas mais próximas ao rio após o aterramento.

“Nós tememos que com as chuvas e com este aterramento de 5 metros em uma das margens, quando na verdade era para ser feito apenas de 1,5 metros, a inundação atinja cerca 5 metros de altura. Se a margem do lado do shopping foi diminuida é normal que a água do Jaguaribe ocupe mais espaço do lado das casas do bairro, um fato que vai prejudicar milhares de famílias”, comentou.
Shopping afirmou que caminhão estava ajudando
na limpeza do Rio, em parceria com a prefeitura
(Foto: Walter Paparazzo/G1)

Sobre o aterramento, a Semam esclareceu que os funcionários do shopping estavam jogando areia na margem do rio para montar uma espécie de plataforma, com o objetivo de que a máquina pudesse fazer o desassoreamento sem correr o risco de afundar. Na nota oficial divulgada no dia 30 de janeiro, o shopping afirma que “ a dragagem do Rio Jaguaribe é uma obra da responsabilidade da Prefeitura Municipal de João Pessoa. Em outubro do ano passado a Prefeitura solicitou ao Manaíra Shopping a realização de uma Parceria Público Privada para a execução da citada obra que tem como objetivo evitar a inundação das casas ribeirinhas da comunidade São José”.

O shopping ainda informou, por meio de sua assessoria, que as pessoas que integravam o protesto não representam os moradores do bairro São José. A assessoria explicou que funcionários do shopping entraram em contato com as lideranças do bairro, deixando claro que as obras realizadas no rio são de dragagem.

Por fim, o shopping afirma que alguns manifestantes não conhecem a realidade do bairro e que muitos estavam no local apenas para "politizar" o protesto. Ainda assim, a assessoria explicou que a manifestação foi pacífica, não havendo nenhum tipo de depredação ao shopping ou aos bens de clientes. Durante o protesto o shopping funcionou normalmente.

Ministério Público abre inquérito para apurar denúncias
A promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público da Paraíba (MPPB) abriu um inquérito público no dia 29 de janeiro para investigar a denúncia de degradação ambiental em trechos das margens do Rio Jaguaribe, que estaria sendo provocada por obras realizadas pelo Manaíra Shopping. Segundo a promotoria, a denúncia foi apresentada em novembro de 2012.

No inquérito, a promotoria requisita à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) uma cópia integral do processo de embargo da obra que acontece em uma das margens do rio e do processo de licenciamento da obra por ventura existente.

Segundo o promotor de Justiça João Geraldo, que mais uma vez está em substituição na 1ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, o inquérito civil público foi instaurado “para melhor tramitação e apreciação dos fatos tratados na reclamação recebida pela promotoria em novembro do ano passado”.

Do G1 PB

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