Dom Aldo abre Quaresma e diz que denúncias de corrupção pesaram na renúncia de Bento XVI

Dom Aldo Pagotto



O arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, avalia que exatamente há um ano outros fatos pesaram para renúncia do Papa Bento XVI anunciada na segunda-feira (10), como o caso de corrupção no Banco do Vaticano, seguido pelo descobrimento de que o próprio mordomo, havia roubado documentos que expunham a corrupção na Igreja.

"Isso colaborou para aumentar a fragilidade seguido do sentimento de impotência. Foi muito grave", disse Pagotto, que abriu nesta quarta-feira a Quaresma com a celebração da missa de Quarta-feira de Cinzas, na Catedral de Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa. Para ele, a decisão de Bento XVI revela humildade e desapego ao cargo. "Ele não tinha condições de continuar", disse o arcebispo.O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que "a renúncia foi uma mensagem à Cúria, mas também a todos nós", segundo o site L'Osservatore Romano. No meio da crise, as notícias que chegam aos jornais no mundo informam que o papa também não conseguiu impor sua decisão de investigar e punir os bispos que acobertaram os casos de pedofilia. Uma entrevista publicada no site National Catholic Reporter, com sede nos Estados Unidos informava, na sexta-feira (8), que o número de vítimas de padres pedófilos pode passar de 100 mil somente entre os fieis americanos.

"O assunto teria sido tratado em reunião de cúpula no Vaticano, poucos dias antes do anúncio da renúncia do papa", diz o site. Entre as informações citadas nesse encontro, segundo a publicação, estariam o valor devido pela igreja em indenizações para essas vítimas de US$ 2 bilhões, a maioria em acertos feitos com as famílias. O valor, no entanto, seria incalculável revela artigo no site Observatório da Imprensa.


Na missa, o arcebispo citou a renúncia apenas como um ato de responsabilidade e humildade, mas aproveitou também para falar sobre o sentido do jejum, esmola e oração numa perspectiva mais ampla e social. " Vivemos numa crise de valores espirituais e humanos. Poucos querem se privar numa sociedade de supérfluos, mas o sentido é retomar o desenvolvimento do espírito altruísta", disse Pagotto.

Para ele, a crise de desemprego na Europa e os testes nucleares da Coréia do Norte revelam o momento da falta de critérios e valores referenciais. "Ao invés de vivenciarmos a evolução, inclusive tecnológica, observamos cada vez mais a rivalidade entre grupos de poder", disse o arcebispo.
Fraternidade

A Campanha da Fraternidade também foi lançada nesta quarta-feira. O tema é Juventude. Segundo o arcebispo, a Igreja cobrará mais políticas públicas para os jovens com mais humanização e oportunidades."É necessário um aceno em favor de mais políticas. É preciso capacitação para o trabalho e o desenvolvimento de habilidades para o tempo presente e futuro".


Portal Correio

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